Monografia: Edificação Institucional- PMJP

A proposta de projeto de  minha monografia para o que virá a ser a nova sede da Prefeitura de João Pessoa ilustra a intenção de combinar composição formal e idéias arquitetônicas inovadoras, com objetivos tecnológicos e ambientais,  resultando numa edificação com soluções inteligentes.

 Volumétricamente, a edificação se caracteriza como uma grande massa pesada, que representa o setor de serviços de apoio e circulações verticais, sendo interpenetrada  por um volume monolítico  solto do chão sendo acompanhado por um pórtico (É interessante a maneira como essa grande massa se comporta, pois em seu desenho, na medida que se prolonga pela edificação, ela se mostra como massa interpenetrante, como massa única e por certos momentos, como um septo. Esse jogo de contrastes compõe o partido arquitetônico.).

O pórtico de dimensões imponentes, caracteriza e marca o acesso principal ao edifício, deixando à mostra a estrutura de pilares circulares da edificação que tem prosseguimento  na massa de vidro e alumínio, ao mesmo tempo em que determina o caráter simbólico de Sede do Poder Público Municipal.

 Na fachada sudeste como forma de esconder o desnível do auditório, [encontramos uma massa semicircular de revestimento de Reynobond (revestimento de placas de alumínio, muito usada nos prédios mais modernos.) penetrando a massa de vidro, dando a ilusão de encaixe. Os brises da fachada se caracterizam como lâminas tangenciando o volume do edifício].

A concepção simbólica da nova sede foi elaborada com a preocupação de buscar uma obra que refletisse uma imagem sóbria, imponente e marcante, adequada para a instituição. Apresentando alusões a elementos geométricos puros. Essa disposição se torna mais marcante no período noturno, quando refletores de alumínio anodizado enfatizam o jogo de volumes e formas, assim como o funcionamento de cada espaço, conferindo à fachada, efeitos de iluminação que realçam os detalhes do partido arquitetônico.

A ocupação do sítio demonstra uma preocupação em gerar recuos maiores do que os mínimos permitidos, de forma a proporcionar a edificação um caráter imponente ao mesmo tempo que compactá-lo (o que auxilia na redução do consumo energético). Dessa forma, projetamos a edificação com um empraçamento, que além de funcionar como elemento de transição entre p edifício proposto e as edificações de entorno, oferece a população um espaço de convívio, lazer e descanso , inexistente na Avenida Epitácio Pessoa, valorizando as esquinas. O próprio desenho da edificação sugere uma preocupação em valorizar a sua  perspectiva dessa avenida.

            O acesso aos estacionamentos se dá por meio da Rua Eugênio Neiva e está disposto de uma forma que não prejudique o fluxo pela Epitácio Pessoa. A nova edificação além de oferecer condições de funcionamento administrativo, deve possuir instalações e equipamentos destinados ao seu apoio, fornecendo atividades culturais e de serviços à população. Internamente, a edificação se divide em 4 setores: o primeiro, caracterizado por 3 níveis de estacionamento em subsolo, agregando ainda a subestação, depósitos,vestiários e medidores; o segundo, destinado à recepção e atendimento ao público, com os serviços mais imediatos em paralelo como agência bancária (com acesso independente), cartório ,correios hall de exposições itinerantes e permanentes (sobre a história de João Pessoa); o terceiro engloba os vãos de escritórios em cinco níveis, e por último o pavimento de auditório, que conta com salas de apoio multimídia, auditório para 185 pessoas e um grande foyer. Este espaço pode ser aberto a congressos, seminários etc.

   O edifício é totalmente gerenciado por computador, e através de sensores controla desde a localização de cada elevador, acesso de funcionários e de usuários, setores de segurança e vigilância, até uma válvula de bomba com defeito. A entrada e saída de funcionários será  feita por meio de cartões magnéticos.

   É importante ressaltar que a solução arquitetônica favorece a centralização das instalações, concentrando as zonas de apoio e serviço, assim como as circulações verticais numa única região da edificação ao mesmo tempo em que a toma como partido na definição do volume final e na própria flexibilidade do vão de escritórios. Procurou-se uma nítida separação entre espaços de trabalho e de apoio.

O projeto arquitetônico se utiliza de uma estrutura de grande envergadura para grandes vãos. A sua concepção será de aço e concreto de forma perimetral  para otimizar a estabilidade, custo da obra e variabilidade de layout , compreendendo vigas de aço e colunas mistas de aço e concreto de alto desempenho. As lajes dos pavimentos de escritórios possuem vãos de até 12,05 metros e uma malha de vigas de aço de 3 metros. Através de pesquisas bibliográficas, descobrimos que tal estrutura pode ser  calculada para resistir ao fogo durante duas horas.

            A utilização das vigas metálicas favorece a estrutura de ar condicionado e dutos, pois o vigamento metálico ao contrário das vigas de concreto, possibilita a passagem por dentro da mesma, não havendo necessidade de ampliação de pé esquerdo para sua instalação. O emprego do aço proporciona uma obra de menor peso, e conseqüentemente, trabalhos de fundações mais simples.

            Outro artifício utilizado na concepção da proposta arquitetônica se refere ao piso elevado. Seu uso dinamiza as instalações elétricas e telefônicas, favorecendo a flexibilidade da edificação, refletindo diretamente no custo final da obra. Outro fator importante a se ressaltar refere-se a reduzida carga estrutural representada pelos pisos elevados, pois, enquanto os pisos convencionais necessitam de uma massa de cimento de cerca de 10 cm, além da laje para encobrir a malha de dutos das diversas instalações, o piso elevado dispensa tal recobrimento. O piso convencional representa, em média, uma carga de 180 kg/m2, enquanto o piso elevado implica em apenas 35kg/m2, reduzindo assim o custo da estrutura por cada metro quadrado da edificação. Outra vantagem do piso elevado é a facilidade de acesso direto às diversas instalações, característica dos edifícios de escritórios, reduzindo o custo operacional e os transtornos com manutenção. Mas a maior vantagem do piso elevado se refere mesmo  à diversidade de layout que ele oferece.

              Quanto ao controle do conforto ambiental, a fim de reduzir ao máximo o uso de energia, utilizaremos recursos naturais de ventilação e o ajuste pessoal dos condicionadores de ar em áreas onde isso é possível, por exemplo, a instalação do ar condicionado na edificação será planejada de forma que possua dutos independentes nos corredores e em ambientes de fluxo variável, que entrem e funcionamento apenas quando as condições climáticas ou o numero de pessoas exigirem . De acordo com pesquisa na internet, em sites de fabricantes de ar condicionados centrais, a economia desse novo sistema é de mais de dois terços no consumo anual. 

            O uso do Gesso Acartonado é outro ponto importante na concepção do projeto, isso porque garante a flexibilidade de layout objetivada. Material produzido industrialmente e com qualidade controlada, o gesso acartonado  integra o repertório de novos materiais do projeto, substituindo alvenarias e argamassas de revestimento numa única operação, permitindo a instalação fácil, rápida e limpa de dutos de água, energia e dados. O sistema consiste basicamente de uma estrutura interna que suporta painel de gesso, formando paredes mais ou menos espessas que podem, inclusive, ser curvas. Assim aplicam-se a divisórias, acabamentos internos, e em ambientes diversos com escritórios e banheiros.Como a edificação, de caráter público, necessitaria de banheiros exclusivos para as autoridades, o que seria um obstáculo para o layout flexível, esse sistema possibilita substituir a alvenaria e argamassas de revestimentos, permitindo a instalação fácil e limpa de dutos. Na prática , favorece o layout, pois possibilita o projeto de vãos livres e seu posterior layout, situando banheiros e copas, com a única limitação de locação em pontos pré-definidos na estrutura, no caso da Prefeitura, em torno de pilares e alvenaria circundante. Esse é um ganho extraordinário para liberdade e variedade de layouts. Além de  reduzir em 15% as fundações e estruturas, garantindo execução mais rápida com custos mais baixos, diminuindo ainda a mão-de-obra e a quantidade de sobras e entulhos. As chapas de Gesso Acartonado formando paredes podem ainda ter resistência à umidade e ao fogo, além de receber tratamento acústico.

            Nas fachadas, será utilizada  a combinação do vidro laminado azul refletivo metalizado,  o que garante o controle sonoro , proteção interna dos raios ultravioleta e ameniza a incidência solar, com  revestimento de alumínio em tom azul da Reynobond, garantindo assim a idéia de prisma monolítico que faz parte da composição volumétrica. Para compor a forma curva da fachada sem deixar a aparência “ facetada”, será utilizado o vidro curvo, material em crescente expansão no mercado brasileiro, onde já encontramos vários prédios em São Paulo com esse material, que conta com fornecedor nacional, garantindo assim o caráter High-Tech da Edificação.  A proteção solar  na fachada oeste (a que mais sofre com a incidência solar) será complementada com brises em lâminas de material metálico tangenciando a edificação. Nestes brises serão instalados pontos de iluminação para compor o efeito de iluminação descrito anteriormente.

            As características dos múltiplos materiais usados na fachada  bem como os critérios de isolamento e inércia térmica, deixam de ser aspecto irrelevantes do projeto para se transformarem em elementos de estudo determinante, que dão maior racionalidade às decisões de projeto. O estudo das temperaturas superficiais interiores das paredes e da cobertura e a função desempenhada pela massa ou os sistemas passivos determinam situações ambientais interiores que se transformam em problemas cruciais para o bom desempenho energético do edifício.

            O interesse pelo espaço público, que reaparece com o movimento pós-moderno, evidencia a posição dos arquitetos racionalistas. A orientação dos edifícios volta a ser colocada em primeiro plano, entre os sistemas do espaço urbano, enquanto a crise de energia se aprofunda. A desconsideração dos critérios de orientação, em relação aos eixos eliotérmicos, e da relação entre eixo do edifício e geometria do sol pode levar a soluções de alto consumo energético na edificação. Na edificação encontramos uma forma de conciliar um projeto bioclimático poupador de energia com sua localização na área urbana, procurando-se obter a racionalidade energética dentro da organização do espaço urbano, muitas vezes condicionado por uma malha pré-existente.

            Todos os demais componentes da nova prefeitura serão de tecnologia recente, como divisórias móveis com isolamento acústico. Sempre houve o interesse de minha parte nessas novas tecnologias e a monografia de conclusão de meu curso se caracteriza como um exercício de aprofundamento nessa área de edifícios inteligentes, e o uso dado ao projeto, um prédio sede da prefeitura,  serve de homenagem a nossa cidade, propondo um marco em tecnologia para a paisagem arquitetônica atual.

            Construir um edifício inteligente significa agregar custos adicionais ao empreendimento? A concepção mais completa do edifício inteligente não acarreta um custo mais elevado que o dos demais, só faz agregar elementos onde se consiga ter retorno. Nesse caso, ele ocorre no custo operacional de longo prazo. Em uma edificação preparada para viver 30 ou 40 anos, o retorno de longo prazo, com baixo custo operacional, è mais significativo que o investimento inicial feito em automação e outros sistemas que a tornem inteligente – eletricidade, distribuição de energia, iluminação, gerenciamento de ar- condicionado, etc. Para o empregador, o beneficio se traduz na permanência no mercado através do fornecimento de um produto eficiente, que tem baixo custo operacional. O retorno vem por meio da liquidez que ele tem no empreendimento, fazendo com que seja sempre um produto de alta demanda, alem do fortalecimento da imagem perante o publico usuário.